quarta-feira, 7 de março de 2007

ERA TÃO FELIZ


Um dia, quando nada me faltava,

Me vi de preocupações lotado,

A solidão mais em mim aumentava,

E mesmo no meu leito deitado.

Inquieto apenas dormitava,

Levantando-me lerdo e cansado.

Spfria eu como se fosse um enfermo,

Sem que neste mal pusesse termo.


Desejei ser apenas um pastor,

De pé no chão pelas montanhas,

exposto ao frio, neve chuva e calor,

Escalando penedias tamanhas,

Iguais às que pisava com vigor,

Fazendo verdadeiras façanhas,

Entusiasmando-me, vivendo ao léu,

Amando o que existe na terra e no céu,


Era tão feliz sem ter um vintém,

O pífaro alegrava a florada,

Entoando pelas colinas além.

Por entre os pastos duma assentada,

Um rebanho de ovelhas comia bem,

Apreciando a refeição musicada,

Eu apreciava a broa escarolante,

E do rochedo a água doce jorrante.

(Emídio, O emigrante)18.11.94

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