Um dia, quando nada me faltava,
Me vi de preocupações lotado,
A solidão mais em mim aumentava,
E mesmo no meu leito deitado.
Inquieto apenas dormitava,
Levantando-me lerdo e cansado.
Spfria eu como se fosse um enfermo,
Sem que neste mal pusesse termo.
Desejei ser apenas um pastor,
De pé no chão pelas montanhas,
exposto ao frio, neve chuva e calor,
Escalando penedias tamanhas,
Iguais às que pisava com vigor,
Fazendo verdadeiras façanhas,
Entusiasmando-me, vivendo ao léu,
Amando o que existe na terra e no céu,
Era tão feliz sem ter um vintém,
O pífaro alegrava a florada,
Entoando pelas colinas além.
Por entre os pastos duma assentada,
Um rebanho de ovelhas comia bem,
Apreciando a refeição musicada,
Eu apreciava a broa escarolante,
E do rochedo a água doce jorrante.
(Emídio, O emigrante)18.11.94
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