Tempo para pensar
Hoje reservei um tempo para ouvir de novo, o programa da passada Terça à noite, na SIC : “descontentamento dos docentes, três ex- ministros, da educação debatem crise no sector” , Professor Fraústo da Silva, Professor Marçalo Grilo, Professor Júlio Pedrosa. Veja SIC on-line
Quis ouvir de novo, porque quis ter mais certezas sobre o que ouvi.
No dia anterior pareceu-me, salvo alguma proximidade politica com o actual governo, por parte de Marçalo Grilo, que, apesar disso, não deixara de haver uma opinião comum entre os três intervenientes no programa sobre a forma como o processo da reforma educativa que tem levado a tanto descontentamento e mal - estares no sector. Parece que o Ministério da Educação quis andar rápido e terá saltado metas no avançar para os vários objectivos materializados em outros tantos normativos que necessitavam de tempo para serem analisados, eventualmente, testados e essencialmente negociados, em sede e com os parceiros próprios ( que foi fazendo), mas ainda, e fundamentalmente, com averiguação no terreno sobre as carências, as dificuldades operacionais, as divergências e só depois se deveria ir para a sua aplicação concreta e geral, se inequivocamente viável. Contrariamente, o resultado está à vista. Correu-se o risco como dizia, em dado momento, Marçalo Grilo, “quando se avança sem aliados, a certa altura olha-se para trás e não se vê ninguém…”.
Eu diria que se vê a Av. Da liberdade e o Terreiro do Paço cheios de professores descontentes por duas vezes num só ano. E, será tudo isso aproveitamento político, contra o M E e o Governo como desse lado se quer fazer crer? Pessoalmente, penso que não.
A questão é que um processo desta envergadura numa área tão sensível e fundamental para o futuro do país como é a educação não se coaduna com a pressão de mandatos e calendários eleitorais porque é preciso tempo para pensar, antes de agir.
É preciso testar modelos, avaliar o impacto e introduzir alterações, se for caso disso, mas antes de por o modelo em prática. Parece-me que o que está aqui a suceder é que se descurou, esta rega fundamental da gestão e se investiu todo o tempo a pensar na aplicação do programa como meta, e pronto… para descobrir agora (mas não reconhecer) que é o programa ou no mínimo o método errado.
Ouvidos estes especialistas na matéria, apreciado todo o clima de crispação que tem existido neste sector, que mais público não pode ser, lembrei-me de um guru da gestão que me habituei a respeitar e a estudar como apoio na minha vida profissional activa e de que tirei bons resultados ou pelo menos lições de vida - Peter Drucker - que, relativamente à gestão e á tomada de decisão afirmava : «Não há nada tão inútil como fazer de forma eficiente aquilo que simplesmente não deveria ter sido feito»
Entendo aqui eficiente, “o fez-se”, o programa está no terreno. Não chegou, faltou a eficácia, “fazer bem feito”, alcançar os objectivos do programa – os alunos = futuro - .
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